domingo, 20 de setembro de 2009

EMIGRAÇÃO VI - Os portugueses na Europa


Em França
A grande emigração para França é algo relativamente recente, data do final dos anos 50 do século XX, quando cerca de 1,5 milhão de portugueses emigraram para este país.

Em 1990 registavam-se neste país um total de 798.837 pessoas de origem portuguesa (603 686 mil haviam nascido em Portugal e 195 151 em França).

A emigração de portugueses para França entre 1961e 1974 é um dos episódios mais impressionantes da história contemporânea de Portugal. A emigração que ocorre a partir de meados dos anos 50 tem uma natureza muito distinta da anterior. Esta é marcada por uma profunda descrença nas capacidades de desenvolvimento do país, sob o jugo de uma ditadura desde 1926. O aumento da informação do que se passa no resto na Europa, não deixa dúvidas: a única forma de fugirem às condições degradantes em que viviam e trabalhavam em Portugal era partirem para a Europa.

Em 1950, apenas se registam 314 emigrantes. Quatro anos depois são já 747 para em 1965 atingirem os 1.336. Em 1958 serão 6.264. A partir daqui os números disparam. Em 1970, atinge-se o valor máximo: 135.667 indivíduos num só ano. Entre 1958 e 1974, cerca de um milhão de portugueses instala-se em França, dispostos a trabalhar em qualquer posto. Assim, a sua exploração era facilitada e começava muitas vezes em Portugal, com as redes que os transportavam até à fronteira, e não raro os abandonava pelo caminho. Muitos portugueses morriam neste percurso.

Em França eram vítimas de todo o tipo de discriminações no trabalho, no alojamento e nas mais pequenas coisas do dia-a-dia. poucos emigrantes esperavam enriquecer, mas todos esperavam conseguirem uma vida mais digna . Tratava-se de uma verdadeira vaga, em grande parte clandestina, contra a qual todas as leis se revelavam ineficazes.

Em poucos anos despovoaram-se regiões inteiras abrindo-se profundas rupturas nas estruturas económicas, sociais e culturais de Portugal. Estes emigrantes eram frequentemente pessoas de baixo nível cultural e sobretudo despolitizadas, quase sempre ligados a profissões desqualificadas. As mulheres conseguiam vagas como porteiras e os homens como operários da construção civil. Ocupavam bairros – de –lata e viviam em condições de extrema precariedade, bem piores que aquelas que tinham no seu país de origem.

Na Suíça
A emigração de portugueses para a Suíça foi até aos anos 60 muito esporádica, e quase sempre confinada aos grupos sociais de maiores rendimentos.

A primeira vaga de emigrantes começou nessa década, para suprirem necessidades de mão-de-obra nos sectores da Construção Civil, Hotelaria e a Agricultura (1970: 3.632 portugueses).No final dos anos 70 tornou-se numa terra de emigrantes portugueses, nomeadamente para os que regressaram de África .

Vivem e trabalham na Suíça cerca de 152.826 cidadãos lusos, constituindo a terceira comunidade estrangeira a residir neste país. Ao todo representam 9,5% dos 1,43 milhões de habitantes de nacionalidade não suíça.

No Luxemburgo
A emigração portuguesa para o Luxemburgo inicia-se em meados dos anos 60 do século XX, quando os portugueses começam a substituir os emigrantes italianos como força de trabalho.

Presentemente constituem a maior comunidade de estrangeiros do país, com 54.490 pessoas (10,8% da população), seguidos pelos italianos (5%),franceses (3,4%), belgas ( 2,5%) e alemães ( 2,2%).

Em Espanha
No total são cerca de 70 mil os emigrantes portugueses em Espanha, um número relativamente pequeno se tivermos em conta o número de emigrantes portugueses em países como a Suíça, Grã-Bretanha, França ou mesmo nos Estados Unidos.

Uma larga percentagem destes emigrantes residem em Portugal, embora trabalhem em Espanha. A proximidade entre os dois países facilita a emigração temporária.


Estamos perante uma emigração constituída por pessoas com um baixíssimo nível de escolaridade, oriundas dos meios mais pobres de Portugal cujos recursos não lhes permitem também grandes possibilidades de deslocação; limitam-se a atravessar a fronteira e a arranjarem trabalho num sítio qualquer de Espanha, tentando aproximarem-se tanto quanto possível dos Pirenéus.


As regiões mais deprimidas de Trás-os-Montes foram aquelas que maior número de emigrantes forneceram para os trabalhos nas minas de Leon e Astúrias.

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